Pus-me a pensar em ti, enquanto passava a ferro o vestido verde para
amanhã. Tentei lembrar-me da tua cor. Penderias para algum tom? Azul? Pensei em
música. Aquela que dançaste. A que mais ouviste, em tempos de desespero?
Responder, não consegui. O livro da tua vida? Um das prateleiras com ficção
científica. Qual? Prato preferido. Que iguaria te deleitava, como se não
houvera outra capaz de te alimentar? Franzi a testa e os olhos num esforço de
recordação. Resultado semelhante. À altura ignorava-o, hoje menos saberei. Eras
de esquerda, ou direita? Havia Deus, deuses, ninguém? Culparias de quê tua mãe?
Por quem darias a vida? Ódios de estimação? Venerarias alguém? De quem ligeiro
fugiste? Que palavra jamais disseste? E o animal: O cão? O tigre? O macaco? Entristeço-me
quando constato que a pouco darei resposta. Fico-me pelo "Penso..."
desconhecendo se o pondero, porque me soa bem que assim fosse, ou porque o
seria(s), de facto. Tenho certo: gostavas de nadar nu. Também eu. Houvesse onde
me agarrar melhor. Não é suficiente. Bem sei. O filme da tua vida? Um vício? O
prazer secreto que a mim tivesses confiado. Temores? Creio que tremias na
cadeira do dentista. O grande amor que perdeste? E o teu mais querido amigo? O
que tem nome de utensílio, que serve para cortar madeira? Ah! Gostavas dos
gelados do Italiano. Pouco, não é? Para alguém a quem amei, tão desesperada.
Enquanto pude amei-te muito. Quero que saibas disso. Sobre ti resta a convicção
do que julgavas ocultar, enquanto omitias os pormenores que me eram (en)tão
fundamentais.
Nunca te conheci.
Andreia Azevedo Moreira
Criado em Abril de 2010. Revisto em Julho de 2013 e Outubro de 2014.
OBRIGADA POR ME LERES.
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