quarta-feira, 24 de julho de 2013

«Nunca te esqueci»



Pus-me a pensar em ti, enquanto passava a ferro o vestido verde para amanhã. Tentei lembrar-me da tua cor. Penderias para algum tom? Azul? Pensei em música. Aquela que dançaste. A que mais ouviste, em tempos de desespero? Responder, não consegui. O livro da tua vida? Um das prateleiras com ficção científica. Qual? Prato preferido. Que iguaria te deleitava, como se não houvera outra capaz de te alimentar? Franzi a testa e os olhos num esforço de recordação. Resultado semelhante. À altura ignorava-o, hoje menos saberei. Eras de esquerda, ou direita? Havia Deus, deuses, ninguém? Culparias de quê tua mãe? Por quem darias a vida? Ódios de estimação? Venerarias alguém? De quem ligeiro fugiste? Que palavra jamais disseste? E o animal: O cão? O tigre? O macaco? Entristeço-me quando constato que a pouco darei resposta. Fico-me pelo "Penso..." desconhecendo se o pondero, porque me soa bem que assim fosse, ou porque o seria(s), de facto. Tenho certo: gostavas de nadar nu. Também eu. Houvesse onde me agarrar melhor. Não é suficiente. Bem sei. O filme da tua vida? Um vício? O prazer secreto que a mim tivesses confiado. Temores? Creio que tremias na cadeira do dentista. O grande amor que perdeste? E o teu mais querido amigo? O que tem nome de utensílio, que serve para cortar madeira? Ah! Gostavas dos gelados do Italiano. Pouco, não é? Para alguém a quem amei, tão desesperada. Enquanto pude amei-te muito. Quero que saibas disso. Sobre ti resta a convicção do que julgavas ocultar, enquanto omitias os pormenores que me eram (en)tão fundamentais.
Nunca te conheci.


Andreia Azevedo Moreira
Criado em Abril de 2010. Revisto em Julho de 2013 e Outubro de 2014.

OBRIGADA POR ME LERES.


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