quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Texto #24 a sair para a Rua

Chegou o dia em que o homem, cuja rectidão sempre fora inquestionável, se sentiu perdido.
Vive-se.
O dia-a-dia vive-se.
Feliz.
Impensado.
Até ao dia.
Hoje, amanhã, um dia qualquer.
A vida interroga-nos. Questiona insolente:
- É isso?
(Assinto)
Pergunta insistente:
- É isto?
- Sim.
(Porque perguntas?)
É o que desejo. Com senãos. Aceito. É tudo.
(Isto eu.)
O meu pensamento, outra história.
Vida contida nele.
Vidas que não vivi (Que não escolhi.) pressentidas.
- Cala-te!
Ignora-me brincalhão.
Ocupa-se de melodias alheias às que escolhi.
Desinquieta-me matreiro.
- Cala-te!
Enfrenta-me. Gargalhadas desobedientes. Diz-me:
- Estou aqui.
Eu já enervado, desorientado:
- Shiu.
Ele manso, dengoso, feito lobo vestido de lã:
- Não me consegues calar.
- Vamos ver.
(Vamos ver.)
Ri-se sobranceiro.
Aflijo-me.

- Enlouqueceste?

Andreia Azevedo Moreira - Criado em Março de 2009. Revisto em Agosto de 2013. 

OBRIGADA POR ME LERES.

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