DAR PALAVRAS
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«Carta.» (Semana #21/ 29 de Julho a 4 de Agosto de 2013)
Lisboa, 23 de Novembro de 1950
Querida
mãe, não me levarás a peito se te disser que preferiria ter nascido
homem. É
violenta a vida para todos. Para uma mulher na sociedade deste ano em que te escrevo – O
da tua morte. – mais do que agressão, é devastadoramente opressora. O meu ânimo
não se compadece das regras que inventaram para nós. Não me sinto o que
pretendem que seja. Repara como a raiva se anda a alimentar do meu peito. No
outro dia a torneira gotejava. Comecei por ignorar. Eis que aquele
contínuo pingar, aquele murmúrio repetitivo me fez pensar no que os outros
esperam de mim:
- Comporta-te. –
Dizia-me a água.
- És uma senhora. – Sussurrava
o ruído.
Lembrei-me
de ti quando me dizias com os olhos: «Que
desilusão minha filha. Para onde te foi a doçura?»
(Criado Dezembro
de 2009. Revisto em Julho de 2013. TEXTO COMPLETO NA PÁGINA DO FB)
Obrigada por me leres.
PROCURO LEITOR. ÉS TU?
andreia.azevedo.moreira@gmail.com
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OBRIGADA POR ME LERES.