
chorar. É o meu. Desde miúda. Limpo a alma quando essa já não aguenta o que lá vai dentro ou quando a alegria transborda e também quando não aguento abarcar o sofrimento testemunhado. Aprendi observando o modo como me olham que há quem menospreze/despreze (riscar o que não interessa) esta característica. Encaram-me como se fosse fraca, talvez, menor. Concordemos em discordar. Chorar tem um poder regulador e faz-me aceder ao que sinto em mim e nos que me rodeiam. Caio. Levanto-me. Esbardalho-me. Cicatrizo. Rebento. Reúno-me. Choro pelos que não choram e vivem iludidos por dentro das muralhas que ergueram em si mesmos. Um dia, ainda nesta vida, perceberão que é impossível respirar. Um dia, ainda nesta vida, perceberão o medo de se desintegraram se pensarem sequer em começar a chorar, as lágrimas que foram guardando da existência. Desejo que esse dia não lhes chegue perto da morte. Deve ser insuportável não ter chorado a vida inteira. Não há dique que, por falta de manutenção, não ceda. A fragilidade de que sou feita não me deita abaixo, faz parte da melodia de eu ser. Forte. Às vezes sinto vergonha pela minha falta de pudor em chorar onde me apetece. Sinto o ridículo de não ser capaz de me conter como tantos outros . Depois, reconsidero. Olhem para outro lado se vos calhar na rifa encontrar-me despida da armadura. Não faz mal. Concordemos em discordar no tipo de capa que escolhemos para os dias úteis sobre o planeta Terra.
P.S. Do outro super-poder (afortunada no que diz respeito a super-poderes, bem sei) já falei muitas vezes: o riso, melhor, a gargalhada. Complementam-se.
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