Fui ao rastreio do cancro da mama.
Aguentei estoicamente, mas toda franzida ou transida, nem sei bem, tal era a intensidade do aperto.
Ele ali, giro e plácido no cartaz: sorriso sardónico a dizer que contribuir para a causa é importante. Como importante é efectuar este exame quando nos dizem para fazê-lo.
Verdade, mas dói.
Levante o braço, eleve o queixo, encoste-se ao plástico, mama a postos. Vou apertar.
Aperta, aperta, aperta.
Aguento, aguento, aguento.
Respire, menina, que ainda falece p'raí em apneia.
Olhos postos na parede com o dito-cujo, giro, e eu presa pela mama que é pequena e talvez por isso apertem ainda mais.
Franzida ou transida, sei lá eu. Sustenho o ar. Parece que não dói tanto quando não respiramos, não é?
Repete o procedimento, por via de haver duas mamas.
Um dos humoristas que mais me faz rir, incapaz de me desviar a atenção da dor.
Olho para ele, olho, olho, sem vontade de rir, contrariando o hábito.
Desaperta o mecanismo.
Alívio sem o auxílio de uma gargalhadazinha, sequer.
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